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O último Dia... A primeira Vez.

10 de Dezembro de 2002,


São três copos de cerveja, apenas, e todos já riem abusivamente de toda e qualquer careta que eu faço. E somente há dez minutos eu não passava de um convidado com postura de penetra em uma festa de despedida de uma garota com quem eu mal falava. Agora todos ao meu redor aproximam-se para ouvir minhas histórias. Umas três meninas flertam comigo e eu... Bem, nesse momento eu escolho com quem marcarei um encontro futuro, apesar de deixar as outras satisfeitas com alguns segundos de atenção.

Afinal, nunca se sabe quando terei oportunidade de ficar com elas, também.

Então converso, distribuo sorrisos e lanço algumas piscadelas sem me importar com as consequências de chamar todas as atenções para mim. Até porque eu gosto dessa atenção. Há, porém, algo errado, porque a dona da festa, uma tal de Lílian Freitas, também gosta desse tipo de atenção e não parece feliz por ter sido jogada de lado. Eu vejo por sua expressão tristonha que ela esperava de seus convidados um pouco mais de... Curiosidade sobre sua viagem.

Como se morar no Rio de Janeiro fosse outro mundo.

Mesmo assim ela parece ter essa expectativa, e eu não sou o tipo de pessoa que frustra expectativas femininas, por isso deixo minha roda de conversas e caminho até ela, apesar de Lílian nunca ter trocado mais de duas frases comigo. E ela aparenta melhorar a expressão quando me aproximo, por isso permaneço.

Cá estou eu, sentado por mais de meia hora ao lado dela, conversando sobre tudo o que conheço. Vejo seus olhares furtivos para minha boca, e percebo o interesse real dela. Deve ter sido por isso que ela me convidou. Ou estou imaginando coisas.

Foram muitos copos de cerveja, aliás, até aqui.

Ela me convida para ir para algum lugar menos barulhento, e todas as minhas dúvidas sobre ela querer ou não algo comigo se desfazem. Lílian agora aparenta ser completamente minha, a qualquer momento que eu quiser. Eu rio e levanto-me, e ela caminha comigo pelo jardim. Ouvimos alguns assovios de amigos em comum, e eu olho ao redor. Duas das meninas com quem flertei antes estão ali, descontentes.

Nem Jesus agradou a todos. Era o que o Seu Carlos fala o tempo todo, quando me ligava de sua casa perfeita com sua família perfeita no país perfeito. Há muitos quilômetros de distância do Brasil. Então, se nem Jesus agradou a todos, quem seria eu para agradar?

Vejo de relance uma piscina de água límpida a azulada pelas luzes internas nas paredes de azulejo. Lílian segura minha mão e me conduz pela lateral, e minha primeira ideia é o impulso que me faz arremessá-la na água, e pular logo depois. A água fria me faz tornar ao equilíbrio debilitado pela cerveja e eu rio ao emergir, vendo o rosto furioso de Lílian ao meu lado. Nem espero por sua próxima reação, e enlaço sua cintura, aproximando-a e beijando sua boca.

Ela não tem mais do que reclamar.

Só tem a me agradecer, e é o que faz. A maioria das pessoas na festa também pula na piscina, e aproveitamos a comoção de todas as pessoas ali para escapar. Entramos na casa vazia e Lílian me indica seu quarto, no andar superior. Ela abre a porta. Me leva até sua cama. Pega duas toalhas. Tira sua roupa molhada.

E me agradece da melhor forma possível.


Guigo.













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